Ser competente não é sinônimo de conhecimentos, mas de ter a capacidade de aprender, a cada dia, a partir de sua própria experiência.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

A máquina de imprimir coisas


Para mostrar em detalhes o projeto de uma casa, os arquitetos costumam construir manualmente  uma maquete. O trabalho minucioso pode levar tempo e as características do modelo são determinantes para a conquista do cliente. Mas a tarefa meticulosa – às vezes sofrida – já pode ser substituída por uma simples impressão. Do mesmo modo, uma indústria automobilística, ao desenvolver um novo modelo de pára-choque, pode fazer rapidamente um protótipo mais fiel ao design original. O mesmo vale para designers, dentistas, artistas, ou qualquer pessoa interessada em imprimir um projeto próprio ou de outros. Já é possível imprimir, em três dimensões, objetos e coisas.

O processo é semelhante ao das impressoras tradicionais: um arquivo formatado por programas como o CAD, que permitem elaborar desenhos em três dimensões, é enviado do computador à impressora. No método mais comum, um cabeçote se movimenta sobre uma base, depositando plástico derretido. Ao entrar em contato com a superfície, o plástico se solidifica, compondo, camada por camada, a impressão em alto relevo. Materiais como titânio, borracha, cera, areia e pó metálico podem ser utilizados em métodos diferentes.

A tecnologia, conhecida tecnicamente por “manufatura aditiva” ou “prototipagem rápida”, não é exatamente nova. As primeiras patentes que registram esses processos datam do final dos anos 1970. A primeira máquina comercial de prototipagem rápida foi criada pelo norte-americano Charles Hull, em 1986. Mas os avanços mais significativos têm acontecido agora, no começo do século XXI. Já podem ser realizadas impressões de roupas, de comida, de próteses, de tecidos humanos e de uma variada gama de pequenos objetos de plástico ou metal – como luminárias, xícaras, utensílios, roupas, dentaduras, peças de equipamentos e maquetes.

 A manufatura aditiva tem sido apontada como um processo revolucionário de produção industrial. Ao contrário da usinagem tradicional, nesse caso não há desperdício. A impressão 3D utiliza só o material necessário para construir um objeto, sintetizado camada por camada. O método tradicional de produção industrial costuma partir de uma quantidade de matéria prima cortada e modelada até chegar ao produto final.

A substituição de um sistema produtivo por outro, entretanto, parece distante. Em indústrias com produção em larga escala, como a automobilística, o processo tradicional é mais econômico e rápido. Para se obter um primeiro modelo de para-choque numa máquina de prototipagem leva em torno de uma semana; no método convencional, cerca de dois meses. Mas se o molde já estiver pronto para a produção tradicional, ele vai ser produzido mais rapidamente e em maior quantidade. A manufatura aditiva, por seu lado, vai continuar produzindo uma unidade por vez e no tempo de uma semana.

Em um cenário mais realista, os dois métodos devem coexistir. Além de ser a melhor opção para a criação de protótipos, por meio da manufatura aditiva podem-se fazer peças personalizadas pelo cliente. O que ainda parece distante é a confecção de sistemas complexos produzidos de uma só vez pelas impressoras 3D.

A empresa americana MakerBot, de Nova York investe na fabricação de impressoras 3D para uso pessoal. Seu modelo mais recente, a Replicator 2, é menor que as impressoras tradicionais. Uma impressora Mojo, da marca Stratasys, vendida no Brasil pela SKA, custa R$ 40 mil; a Replicator 2 custa US$ 2.199. O mercado-alvo é o dos engenheiros, designers e pessoas interessadas em manufaturar seus próprios projetos. Também é possível baixar arquivos de objetos para serem impressos no site de compartilhamentos Thingiverse. Lá você pode encontrar desde bonecos de personagens de filmes e desenhos animados a capas protetoras para celulares.

O desenvolvimento levou a uma máquina capaz de imprimir construções de até quatro metros de uma só vez. A técnica consiste em transformar camadas de areia em matéria sólida, visualmente parecida com o mármore, utilizando um aglomerante químico. O método pretende ser menos agressivo ao meio ambiente do que o cimento e o produto é mais resistente. Também representa um avanço no processo de construção ao aproximar a concepção original do arquiteto à execução da obra. Ainda não é possível construir casas e edifícios habitáveis de uma só vez. Ainda falta muito investimento.




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