Ser competente não é sinônimo de conhecimentos, mas de ter a capacidade de aprender, a cada dia, a partir de sua própria experiência.


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Lixo e cidadania


Ouvimos falar muito que o lixo é um problema. Mas ao cidadão comum aparece o problema do lixo só quando ele começa a incomodar ou quando há interrupção da coleta do lixo.

Mesmo quando o lixo é recolhido pelos lixeiros, ele não desaparece: apenas é levado para outro lugar. E é preciso muito cuidado para que ele não cause os problemas que estava causando na porta de sua casa ou em outro lugar.

O lixo é responsável por um dos mais graves problemas ambientais de nosso tempo. Seu volume é impressionante e são raros os locais para disposição de todo esse material. O lixo, como os demais problemas ambientais, tornou-se uma questão que excede à capacidade dos órgãos governamentais e necessita da participação da sociedade para a sua solução.

A coleta seletiva de lixo contribui para redução da poluição e proporciona economia de recursos naturais - como matérias primas, água e energia. Além disso, a comercialização desse material propicia criação de empregos e fonte de renda.

Mesmo com o crescente número de municípios que implantam a coleta seletiva de lixo, surgem programas desenvolvidos por iniciativa da sociedade civil, em escolas, empresas, comunidades, condomínios etc., que apresentam maior chance de continuidade, pois não estão vinculadas a mudanças e interesses políticos.

Até 50 anos atrás o lixo não significava um problema. A maior parte dele era formada por materiais orgânicos, degradável pela ação da natureza. Com o passar dos anos, o modo de vida foi mudando e também os hábitos de consumo. Passou a fazer parte do cotidiano as comidas prontas, leite longa vida, bebidas com embalagens descartáveis, congelados e enlatados.

São materiais que a natureza leva muito tempo para degradar e incorporar novamente ao ciclo da vida. Felizmente, grande parte desses materiais pode ser reaproveitada ou reciclada, evitando o acúmulo de lixo e reduzindo o desperdício de recursos naturais.

Além de contribuir para manter o meio ambiente saudável, a reciclagem representa alternativa econômica das mais interessantes, considerando-se os custos elevados da energia e do ciclo de produção das novas matérias primas.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

15 dicas para o currículo profissional


1. Seja objetivo. Por mais que possa parecer óbvio, ter objetividade é indispensável para que o selecionador possa identificar rapidamente os candidatos que se encaixam na vaga disponível. Mesmo que o profissional seja capacitado para múltiplas funções, é preciso elaborar um currículo específico para a vaga desejada. Quem vai ler o currículo tem um foco, se não é o que está buscando, não vai ler.

2. Uma página é o ideal, duas no máximo. Não há um número de páginas determinado para o currículo, mas não deve ter mais de duas. O tamanho deve acompanhar o número de informações necessárias para a vaga. No entanto, caso o profissional tenha as competências requeridas pela organização e conseguir incluí-las em apenas uma página, melhor.

3. Os dados pessoais: apenas nome, idade, estado civil e contatos. Não há necessidade de incluir número de documentos como RG, CPF ou título de eleitor. Essas informações são importantes caso o candidato seja contratado, ou seja, após a fase de seleção. Informar os contatos essenciais e mantê-los atualizados é indispensável.

4. Colocar foto apenas se for importante para a vaga. Para incluir uma foto no currículo, o profissional deve pensar antes em três questões: a aparência é importante para o cargo? É uma foto bem tirada? A pessoa está bem na foto? Se a resposta for sim para as três perguntas, então coloque a foto, se for não para qualquer uma delas, não coloque.

5. Não há necessidade de informar características pessoais. Muitos currículos trazem o item características pessoais, no qual incluem as qualidades como facilidade de integração, competência para trabalho em equipe, disposição. A empresa irá verificar as informações em uma entrevista posteriormente. 

6. Para informar a escolaridade, basta o último nível atingido. Se o profissional estiver cursando uma faculdade, não é preciso dizer que tem o 1º ou o 2º grau completo, essa informação está subentendida. Caso tenha interrompido o ensino superior, vale incluir. Não precisa colocar o motivo de ter parado, isso será tratado na entrevista.

7. Experiências profissionais devem conter apenas o nome da empresa, cargo e período. Essas três informações não podem faltar e são suficientes. Se o candidato quiser incluir as responsabilidades que teve em seus outros empregos, deve ser sucinto, pois isso será tratado na entrevista. 

8. Não supervalorizar os níveis de conhecimento em línguas e informática. Nas seleções em que conhecimentos em inglês e/ou informática são necessários, há, normalmente, a realização de um teste posteriormente.

9. Não mentir em hipótese alguma, mas, se necessário, omitir. Colocar informações falsas ou alterá-las, como no caso das competências em línguas, pode, ao invés de beneficiar o profissional, prejudicá-lo. Omitir algumas informações pode evitar problemas. Por exemplo, se o seu conhecimento de inglês é básico, não coloque.

10. Evitar erros de português. Mesmo que a vaga desejada não exija conhecimentos da língua portuguesa, os erros devem sempre ser evitados. Qualquer currículo com erro de português desanima qualquer um.

11. Caso o candidato seja portador de deficiência, deve incluir essa informação. Há uma escassez de mão de obra de pessoa com deficiência. As necessidades do profissional para trabalhar devem também estar presentes, porque a empresa tem que estar preparada.

12. Mesmo quem nunca trabalhou sempre tem o que incluir no currículo. Para aqueles que estão no começo de sua vida profissional, o currículo deve conter estágios, experiências obtidas na faculdade, trabalhos voluntários e cursos.

13. Cores e formatos diferentes são permitidos, desde que haja bom senso. O mais importante é o currículo ser organizado e objetivo: nome centralizado; abaixo, em uma fonte menor, dados de contato; em seguida, em uma fonte maior que a do nome, o objetivo profissional; e depois o currículo.

14. Incluir o último salário depende do cargo e do candidato. Se estiver focado em salário diga o valor para não perder tempo, se não, coloque “a combinar”. Não há problema em não colocar o item.

15. Ter currículos e perfis em redes sociais é importante, até porque algumas empresas pesquisam informações do candidato na internet antes de chamá-lo à entrevista. No entanto, devem-se evitar informações que prejudiquem a imagem do profissional.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A máquina de imprimir coisas


Para mostrar em detalhes o projeto de uma casa, os arquitetos costumam construir manualmente  uma maquete. O trabalho minucioso pode levar tempo e as características do modelo são determinantes para a conquista do cliente. Mas a tarefa meticulosa – às vezes sofrida – já pode ser substituída por uma simples impressão. Do mesmo modo, uma indústria automobilística, ao desenvolver um novo modelo de pára-choque, pode fazer rapidamente um protótipo mais fiel ao design original. O mesmo vale para designers, dentistas, artistas, ou qualquer pessoa interessada em imprimir um projeto próprio ou de outros. Já é possível imprimir, em três dimensões, objetos e coisas.

O processo é semelhante ao das impressoras tradicionais: um arquivo formatado por programas como o CAD, que permitem elaborar desenhos em três dimensões, é enviado do computador à impressora. No método mais comum, um cabeçote se movimenta sobre uma base, depositando plástico derretido. Ao entrar em contato com a superfície, o plástico se solidifica, compondo, camada por camada, a impressão em alto relevo. Materiais como titânio, borracha, cera, areia e pó metálico podem ser utilizados em métodos diferentes.

A tecnologia, conhecida tecnicamente por “manufatura aditiva” ou “prototipagem rápida”, não é exatamente nova. As primeiras patentes que registram esses processos datam do final dos anos 1970. A primeira máquina comercial de prototipagem rápida foi criada pelo norte-americano Charles Hull, em 1986. Mas os avanços mais significativos têm acontecido agora, no começo do século XXI. Já podem ser realizadas impressões de roupas, de comida, de próteses, de tecidos humanos e de uma variada gama de pequenos objetos de plástico ou metal – como luminárias, xícaras, utensílios, roupas, dentaduras, peças de equipamentos e maquetes.

 A manufatura aditiva tem sido apontada como um processo revolucionário de produção industrial. Ao contrário da usinagem tradicional, nesse caso não há desperdício. A impressão 3D utiliza só o material necessário para construir um objeto, sintetizado camada por camada. O método tradicional de produção industrial costuma partir de uma quantidade de matéria prima cortada e modelada até chegar ao produto final.

A substituição de um sistema produtivo por outro, entretanto, parece distante. Em indústrias com produção em larga escala, como a automobilística, o processo tradicional é mais econômico e rápido. Para se obter um primeiro modelo de para-choque numa máquina de prototipagem leva em torno de uma semana; no método convencional, cerca de dois meses. Mas se o molde já estiver pronto para a produção tradicional, ele vai ser produzido mais rapidamente e em maior quantidade. A manufatura aditiva, por seu lado, vai continuar produzindo uma unidade por vez e no tempo de uma semana.

Em um cenário mais realista, os dois métodos devem coexistir. Além de ser a melhor opção para a criação de protótipos, por meio da manufatura aditiva podem-se fazer peças personalizadas pelo cliente. O que ainda parece distante é a confecção de sistemas complexos produzidos de uma só vez pelas impressoras 3D.

A empresa americana MakerBot, de Nova York investe na fabricação de impressoras 3D para uso pessoal. Seu modelo mais recente, a Replicator 2, é menor que as impressoras tradicionais. Uma impressora Mojo, da marca Stratasys, vendida no Brasil pela SKA, custa R$ 40 mil; a Replicator 2 custa US$ 2.199. O mercado-alvo é o dos engenheiros, designers e pessoas interessadas em manufaturar seus próprios projetos. Também é possível baixar arquivos de objetos para serem impressos no site de compartilhamentos Thingiverse. Lá você pode encontrar desde bonecos de personagens de filmes e desenhos animados a capas protetoras para celulares.

O desenvolvimento levou a uma máquina capaz de imprimir construções de até quatro metros de uma só vez. A técnica consiste em transformar camadas de areia em matéria sólida, visualmente parecida com o mármore, utilizando um aglomerante químico. O método pretende ser menos agressivo ao meio ambiente do que o cimento e o produto é mais resistente. Também representa um avanço no processo de construção ao aproximar a concepção original do arquiteto à execução da obra. Ainda não é possível construir casas e edifícios habitáveis de uma só vez. Ainda falta muito investimento.




quinta-feira, 6 de junho de 2013

Rodas dentadas


Observando o interior de um relógio mecânico veremos numerosas rodas dentadas. Essas rodas desmultiplicam (decompor em fatores) o movimento, assegurando que os ponteiros rodem na velocidade certa. Transformam as oscilações da fonte de energia interna, habitualmente com período de um segundo, em ciclos de uma hora para o ponteiro dos minutos e de meio dia para o das horas.

Para conseguir esta conversão, poderíamos construir uma roda com um dente apenas e acoplá-la à fonte, que faria rodar essa roda uma vez por segundo. Depois essa roda seria encaixada em outra com 3 600 dentes. Cada vez que a primeira fizesse uma rotação completa, a segunda avançaria um de seus 3 600 dentes. Após 3 600 rotações da primeira roda, ou seja, após uma hora, a segunda roda faria uma rotação completa. Essa segunda peça poderia estar acoplada ao ponteiro dos minutos.

As rodas dentadas apenas com um dente, no entanto, seriam muito instáveis e frágeis, tal como as rodas de 3 600 dentes seriam demasiadamente grandes. Os construtores preferem utilizar uma sequência de rodas que transmitem o movimento inicial de uma para a seguinte, reduzindo sucessivamente os períodos de rotação. Montam-se duas rodas dentadas em cada eixo, de forma que um eixo recebe o movimento de uma roda e arrasta a outra, que engata em uma terceira, em um segundo eixo, e assim sucessivamente. A desmultiplicação final resulta do produto das desmultiplicações efetuadas em cada passo.

Para obter a pretendida razão 3600/1, pode haver uma série de passos, por exemplo, 36/10 x 50/10 x 20/5 x 10/5 x 25/10 x 100/10, em que o primeiro número de cada fração representa o número de dentes de uma roda e o segundo o número de dentes da roda de outro eixo com que a primeira engata. Há muitas soluções possíveis. A arte está em construir uma sequência ótima de rodas dentadas, nem muito grandes nem muito pequenas, que obtenha a desmultiplicação pretendida.

No século 16 foram encontrados algoritmos matemáticos para resolver iterativamente o problema. No essencial, esses algoritmos fatorizam o numerador e o denominador da fração pretendida, isto é, escrevem cada um dos dois números como um produto de números primos. Assim, por exemplo, se quisermos obter a razão 28/45, escrevemos (2 x 2 x 7) / (3 x 3 x 5) e existem diversos agrupamentos. Neste caso, (2 x 7) / (3 x 3) x 2/5, ou seja, 14/9 x 2/5, é uma das soluções possíveis para quem quiser usar quatro rodas dentadas.

O problema torna-se mais complicado quando é inviável ou impossível obter a razão exata e apenas se podem obter aproximações. Se a razão for, por exemplo, 997/1999, tanto o numerador como o denominador são números primos e a solução exata mais simples consiste na construção de uma roda com 997 dentes e de outra com 1 999, o que não parece viável. Mas a aproximação ½ ou 10/20, por exemplo, é bem razoável neste caso, pois 997/1999 = 0,498. E qualquer que seja a razão pretendida é sempre possível aproximá-la com a precisão que se quiser, usando sistemas de rodas dentadas mais simples. O problema, no entanto, pode ser muito trabalhoso e só no século 19 apareceram algoritmos eficientes para obter sistemas que dessem boas aproximações.

A descoberta ao acaso de um mecanismo no fundo do mar, em 1901, perto da ilha grega de Antiquítera mostrou que o domínio da técnica era conhecido há muito tempo. O aparelho que foi encontrado estava muito deteriorado e foram necessários muitos estudos para a sua interpretação. Em 1974, finalmente, o historiador da ciência Derek Solla Price conseguiu compreender o seu funcionamento. Verificou que era uma máquina destinada a reproduzir o movimento aparente do Sol e da Lua, incluindo as mudanças de fase do nosso satélite.

Hoje esses aparelhos são chamados de planetários. São raros, pois são peças mecânicas muito caras. No seu cerne está um sistema preciso de rodas dentadas que permite mover as esferas que representam cada astro. O que mais surpreende no mecanismo de Antiquítera é a precisão com que foi obtida a razão entre períodos lunares e períodos solares. A desmultiplicação foi obtida por seis rodas dentadas, nas relações 64/38 x 48/24 x 127/32, em que temos a razão 254/19 = 13,36842. Um resultado certo até a terceira casa decimal.