Ser competente não é sinônimo de conhecimentos, mas de ter a capacidade de aprender, a cada dia, a partir de sua própria experiência.


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A eletrônica



É um desafio encontrar profissionais que trabalham em projetos eletrônicos insatisfeitos com a atividade que exercem. Não com a empresa, seus chefes ou um projeto em particular, mas infelizes com a arte de trabalhar com produtos eletrônicos.

Trabalho há mais de 30 anos no setor e não lembro alguém que tenha abandonado a eletrônica por vontade própria, para fazer outra coisa. Também não sei de algum engenheiro ou técnico que tivesse começado a “mexer” com eletrônica só depois de iniciar os estudos.

De todos os campos da engenharia, a eletrônica é a única que pode funcionar como hobby. Não existem engenheiros civis amadores. O mesmo se pode dizer da arquitetura e da engenharia elétrica pura. Mesmo os químicos, em que pese a profusão de kits de experiências no mercado, o custo de um laboratório mediano é alto.

A eletrônica é diferente. Um garoto de 12 anos pode comprar um multímetro simples com sua mesada, juntar 50 reais em componentes e mais aquela televisão quebrada da avó, e já pode dar asas à imaginação e ao talento para produzir um novo receptor de rádio, um distorcedor para a guitarra de uma amigo ou qualquer outra coisa que sua imaginação (e capacidade) consigam montar.

Pode conseguir com facilidade um punhado de acionadores de disco quebrados e estará entrando no fascinante mundo da mecatrônica. Se for suficientemente maluco, pedirá um emulador de 250 reais dólares de aniversário e um osciloscópio simples no Natal, e terá um bom laboratório à sua disposição. O resto dos instrumentos poderá montar ele mesmo – não há limites.

A informação é farta. Excelentes publicações nas bancas, tutoriais e artigos técnicos sobre tudo o que quiser saber na internet. Nada, mas nada mesmo lhe será sonegado.

Projetistas de eletrônica começam cedo, muito antes da educação formal na área. Milhares de jovens em todo o Brasil empunham ferros de solda para tornar realidade suas criações. Comunicam-se, trocam idéias, são entusiasmados e muito frequentemente incentivados por seus pais, que vêem na atividade uma sadia alternativa aos problemas da sociedade moderna.

Acredito que é preciso criar oportunidades e incentivar esses iniciantes. Refletir um pouco sobre a correta exploração desse extraordinário potencial humano, do ponto de vista social e estratégico.

As empresas precisam – e vão precisar muito mais no futuro – de talentos genuínos, comprometidos com a tecnologia de ponta, capazes de inovar e gerar produtos competitivos. As empresas precisam desses entusiastas da eletrônica.    

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