Ser competente não é sinônimo de conhecimentos, mas de ter a capacidade de aprender, a cada dia, a partir de sua própria experiência.


terça-feira, 9 de junho de 2015

O efeito ruim do Pré-sal



Em meados da década passada uma euforia tomou conta do governo, a partir da confirmação da existência de grandes reservas de petróleo no chamado pré-sal.

Este foi um grande feito técnico da Petrobrás, que se firmou como líder da exploração em águas profundas e fonte de legítimo orgulho por parte da engenharia da empresa e de todos nós.

Além disso, o grande ciclo de commodities, puxado pela China, implicou ganho extraordinário de renda para o País, recriando nas autoridades o sonho do Brasil grande. A megalomania tomou conta e tornou-se fatal, como sabemos bem nos dias de hoje.

Na verdade, o programa de exploração do pré-sal já nasceu comprometido pela excessiva ambição. Ele buscava, ao mesmo tempo:
·      Produzir muito óleo e gás, rapidamente, com a melhor tecnologia disponível, numa geologia difícil e pouco conhecida e a um custo razoável, tudo ao mesmo tempo.
·      Usar a exploração da nova área para dar um salto na produção industrial, por meio da utilização da obrigatoriedade do conteúdo nacional. O caso da construção naval é exemplo: quando as primeiras encomendas foram feitas, as empresas tinham apenas terrenos e nenhuma experiência na área.
·      Garantir a predominância da Petrobrás através de 30% de cada campo e de ser a principal operadora.

Como se tudo isso não fosse suficiente, o governo ainda usou a Petrobrás para tentar controlar os preços. Isso reduziu sua capacidade de investimento. O excesso de objetivos, vários deles conflitantes entre si, tornou impossível um resultado bem sucedido.

Mas não foi tudo. A companhia não tinha recursos de gestão para tocar tudo a que se propunha.  A corrupção sistêmica na empresa custou muito dinheiro e já é o maior caso mundial dos tempos contemporâneos, um verdadeiro recorde.

Afora o custo financeiro, a corrupção sistêmica destrói a eficiência de qualquer companhia.

O setor de petróleo seguirá sendo muito importante para o País. Ficará longe, entretanto, de ser o puxador de crescimento que se imaginou. Esta pode ser uma boa notícia para o Brasil.

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