É interessante observar que
parece haver pouca “lógica” em algumas fases da resolução de problemas.
Problemas difíceis, com frequência, são solucionados com uma intuição
repentina. Num momento o caminho da solução está bloqueado; no momento seguinte
o caminho é vislumbrado sem que seja possível explicar de forma lógica como ele
apareceu.
O economista Herbert Simon (1916
– 2001) é um dos padrinhos dos modernos estudos da resolução de problemas.
Simon, que recebeu o prêmio Nobel de Economia de 1978, foi um dos economistas
de sua época a utilizar modelos de computador.
Ele estudou os métodos de
resolução de problemas com o objetivo de explorar como os computadores poderiam
ser programados para executar tarefas semelhantes. Não encontrou nada
essencialmente misterioso, pois em nenhum caso a solução de um quebra-cabeça ou
avanço científico ocorreu a partir de uma “inspiração” totalmente inesperada.
Simon e seus colegas
popularizaram uma série de termos amplamente utilizados nos dias de hoje. Um
deles é “espaço de solução”, que significa aproximadamente o conjunto de todas
as soluções potenciais de um problema. Quando um programa de computador joga
xadrez, ele “procura um espaço de solução”. Examina todos os movimentos
possíveis (de ataque e de defesa, tantos quanto forem práticos) a fim de
descobrir os mais vantajosos.
Simon acreditava que a busca de
um espaço de solução era um modelo para explicar como resolvemos quebra-cabeças
e até mesmo como cientistas como Kepler e Planck realizaram grandes
descobertas. A importância da noção de um espaço de solução é imensa. Quando se
tenta programar um computador para solucionar um problema, é extremamente
desejável identificar o espaço de solução. Então o software busca o conjunto de
soluções com toda a velocidade que o computador permite.
Essa abordagem tem várias
limitações. Muitos problemas apresentam espaços de solução grandes demais até
para os computadores mais rápidos. Em geral, quebra-cabeças, enigmas e charadas
têm espaço de solução difíceis de definir. Nem sempre são visíveis o escopo do
problema ou as soluções que podem ser legítimas, muito menos as que estão
corretas.
Por isso a Inteligência
Artificial é um empreendimento tão difícil. Os trabalhos mais recentes de
psicologia cognitiva equiparam os solucionadores de quebra-cabeças aos
garimpeiros de ouro.
Não se sabe onde o ouro está.
Pode-se dizer que a prospecção é uma questão de sorte, mas alguns garimpeiros
são melhores do que outros. Isso acontece porque eles aceitam o “acaso” e lidam
com ele. A procura do ouro não é aleatória; ela é uma pesquisa metódica que
leva em consideração as pistas geológicas.
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