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domingo, 24 de agosto de 2014

Política e Energia



É difícil de imaginar um mundo sem os benefícios da eletricidade e do transporte motorizado. O progresso material da humanidade está baseado no seu uso crescente sob muitas formas.

Sem eletricidade viveríamos no escuro, sem motores e sem água canalizada. Sem transporte motorizado estaríamos dependendo da tração animal para a movimentação de pessoas e de mercadorias.

A produção de eletricidade e a motorização dos transportes são dois elementos essenciais das sociedades modernas em que vivemos. Para garanti-los, são necessárias grandes obras de infraestrutura.

No Sudeste e no Sul do Brasil, beneficiando-se de uma geografia favorável, a opção preferencial para a produção de eletricidade foi, até agora, a construção de grandes hidrelétricas, que durante um século garantiram energia elétrica abundante e barata. Itaipu é um exemplo desse tipo de usina.

Com o petróleo nossa geografia não foi tão favorável e só recentemente deixamos de importá-lo graças à exploração no pré-sal – a profundidades cada vez maiores, a grandes distâncias da costa e em depósitos que se situam abaixo de uma espessa camada de sal.

Os dois sistemas de produção de energia no Brasil estão atravessando uma séria crise. Isso também ocorre em outros setores da infraestrutura, como portos e estradas, e o governo mostra-se incapaz de enfrentá-los.

No setor de eletricidade, a origem dos problemas foi o abandono gradual, nas últimas décadas, da construção de reservatórios de água que garantissem a sua produção nas usinas hidrelétricas em anos de seca, que, aliás, se estão tornando mais frequentes. Uma das razões é a oposição dos ambientalistas radicais.

A verdade é que, mesmo quando ocorrem impactos significativos, é preciso comparar os custos ambientais e sociais decorrentes dos reservatórios com os benefícios, em geral muito maiores, para as populações.

Além de hidrelétricas, a solução dos problemas de produção de eletricidade passa pelo aproveitamento de outras formas de energia. A biomassa, por exemplo, poderia gerar significativa quantidade de energia. A energia eólica também poderia contribuir, mas os problemas de interligação das máquinas às redes de transmissão teriam de ser resolvidos. Alguns parques eólicos já construídos estão ociosos por falta de linhas de transmissão.

O sistema de transmissão da rede interligada nacional precisa ser reforçado para evitar falhas, acidentais, por falha humana ou à falta de manutenção. Muitos "apagões" poderiam ser evitados com a introdução de redundâncias no sistema, algumas de custo elevado, mas que protegeriam a sociedade dos sérios problemas de falhas no fornecimento de energia elétrica.

O sistema de leilões adotado pelo governo federal para o aumento da produção de eletricidade, em que todas as fontes de energia concorrem em igualdade de condições, é também uma das causas dos problemas. Garantir um custo final mais baixo da eletricidade, que é o objetivo dos leilões, é resultado de uma visão ideológica, e não técnica, da questão.

Resolver esses problemas exigirá mais planejamento e menos ideologia. E abriria caminho para a produção da energia necessária para sustentar um novo ciclo de desenvolvimento no País.

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