Virou chavão na mídia e em conversas cotidianas o adjetivo ‘sustentável’
sem explicitar um significado específico naquele contexto. Condomínios,
materiais de construção, meios de transporte, edifícios... Tudo pode ser
sustentável, como alardeiam muitas empresas, governos e a mídia.
Um exemplo é “cidade sustentável”. Quando perguntamos a urbanistas
e economistas sobre o assunto, o conceito de sustentabilidade aplicado a
cidades não se configura unânime. Para alguns urbanistas, um elemento
fundamental para ser levado em conta quando se fala de sustentabilidade urbana
é o futuro.
Uma metrópole sustentável é aquela que na próxima geração tenha
condições iguais ou melhores que as que temos hoje. Por ‘condições’ devemos
entender os aspectos fundamentais relacionados à vida urbana: habitação,
alimentação, saúde, emprego, transporte, educação, água etc.
A primeira condição fundamental para o estabelecimento de uma
cidade sustentável é a democratização dos acessos a serviços e equipamentos
públicos. Isso significa a redução drástica de todas as formas de
desigualdades: social, política, econômica e espacial.
Para que infraestrutura, segurança, saúde, educação e outros
serviços públicos sejam acessíveis em toda a metrópole, a manutenção da cidade
se torna cada vez mais cara. Como os recursos financeiros são limitados,
chegará um momento em que a pressão política e econômica ditará para onde eles
devem ser direcionados.
Cidades inteiramente planejadas não são uma solução tão eficaz
quanto se imaginava em meados da década de 1950, época da construção de
Brasília. Cidade planejada, entretanto,
é diferente de planejamento urbano. A ausência deste leva a ocupações
indesejadas de áreas naturais que a longo prazo impactam fortemente a
organização social.
A mesma falta de planejamento urbano que permite a ocupação de
áreas indesejadas nas cidades é também responsável pela proliferação de
favelas – e, claro, de casas de classe média ou alta em áreas de preservação
ambiental.
Apesar de uma melhora significativa em alguns aspectos da vida
social e econômica, o crescimento horizontal e populacional, aliado à desigualdade
econômica, torna as metrópoles brasileiras absolutamente insustentáveis.
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