Disponível na forma líquida, fácil de utilizar, o petróleo
tornou-se a energia mais comum, "o ouro negro" do século 20. Mas
sempre foi evidente que se esgotaria um dia. Como ninguém sabia exatamente quando,
o problema foi deixado de lado. Na verdade, a questão de saber quanto tempo
ainda irão durar as reservas não está entre as primeiras preocupações, porque,
antes que se esgotem os recursos disponíveis, o mundo "civilizado"
terá atingido um nível insuportável de destruição ambiental.
Outra questão diz respeito às consequências do aumento dos
preços da energia para a economia mundial. A era do petróleo fácil de extrair
(petróleo convencional) está encerrada e a busca de energias fósseis não
convencionais são insuficientes para satisfazer ao aumento do consumo de
combustíveis, provocado pelo desenvolvimento dos países. E o custo da
infraestrutura necessária para extração eleva-se cada vez mais, à medida que se
torna necessário explorar os últimos recursos existentes.
As incertezas políticas constituem um quarto fator. O
principal desafio logístico é fornecer continuamente petróleo, gás e urânio,
para o mundo inteiro, a partir de alguns lugares e países produtores,
utilizando importantes redes de transporte. Esta vulnerabilidade provoca um
aumento dos custos políticos e militares com segurança. Os países em
desenvolvimento sofrem um golpe dramático por serem obrigados a pagar os preços
do mercado mundial.
Crescem as pressões junto aos países fornecedores para que
aumentem sua produção, em total contradição com os objetivos de proteção da
natureza e do clima. Apresentadas como solução, as energias renováveis, são, na
prática, consideradas apenas marginalmente. Há muito tempo deveriam ter se
transformado numa prioridade estratégica absoluta.
Alega-se que o potencial das energias “renováveis” não é
suficiente para substituir as energias nucleares e fósseis, e que seria oneroso
desenvolvê-las em grande escala. Afirma-se que a mudança levaria muito tempo –
o que equivale a manter, por décadas, a matriz energética atual. Sugere-se, por
fim, que o problema de estocagem das energias renováveis ainda não foi
resolvido. Nenhum desses argumentos, se bem analisado, é convincente. O
potencial das energias renováveis é astronômico. A utilização direta ou
indireta da energia solar, do vento, da água, da biomassa e das ondas
forneceria um volume de energia 15 mil vezes superior à consumida pela a
humanidade.
Os únicos custos diretamente ligados à produção de
energias renováveis são os do desenvolvimento tecnológico. Os custos dos
combustíveis seriam eliminados – exceto no caso da biomassa, já que o trabalho
agrícola e florestal deve ser remunerado. Os custos dos equipamentos diminuirão
com o desenvolvimento da produção em grande escala e a melhora contínua das
tecnologias. Além disso, as energias renováveis oferecem vantagens políticas e
econômicas significativas. Fontes permanentes e disponíveis em todos os locais,
otimizam a balança de pagamentos. Impulso às estruturas econômicas regionais
baseadas na agricultura e nas trocas. Tudo isso sem falar dos graves danos ao
meio ambiente e à saúde que seriam evitados.
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